terça-feira, 8 de dezembro de 2009

NORMOSE: perigo social

                                               
NORMOSE é um termo criado por Jean Yves Leloup para definir um tipo de comportamento característico da vida moderna intensamente destrutivo e hostil. Esta maneira de reagir faz com que o indivíduo se familiarize de tal forma com o inusitado, que acaba aceitando comportamentos nocivos, como se fossem comuns, normais, adequados, mesmo quando admitidos como fora dos padrões aceitáveis. As pessoas passam a não questionar o absurdo, o contrário à razão, o incomum, o estranho, o infame, mesmo percebendo que tais condições não deveriam fazer parte do cotidiano, ainda que possam causar prejuízos ou danos aos indivíduos, grupos, sociedade, país, humanidade, planeta. Por exemplo, assistir indiferente a escândalos políticos como corrupção e desvios de recursos, e reagir como se os fatos já fizessem parte do cotidiano, é como se tudo fosse normal. Quando há manifestação de repúdio ou reivindicações por mudanças, estas acabam ficando no discurso, na demagogia, na falácia, e tudo acaba em impunidade, vira “pizza”.
Nada mais surpreende. Nada mais constrange. Ao contrário, banaliza-se. Nada causa indignação, nem mesmo a traição, injustiça, mentira, falsidade, calúnia, suborno, falcatrua, roubo, falta de ética, etc. As pessoas se omitem para não se envolverem, tornam-se acomodadas, resignadas, omissas e a sociedade torna-se passiva diante de questões fundamentais, até mesmo, diante de problemas que envolvem sua própria sobrevivência. Haja vista, o problema da poluição, a destruição da camada de ozônio, o aquecimento global, a morte de muitas espécies animais, etc.
A industrialização trouxe evolução, riquezas, comodidades, mas, também produziu muitas alterações negativas, como mudança no ritmo de vida, a supremacia do ter sobre o ser, stresse desnecessário, novas doenças físicas e emocionais, perda de valores morais, do sentido de vida, além da exploração e destruição do meio ambiente.
A NORMOSE avassala o mundo inteiro, penetrando também em nossos lares, onde tanto somos influenciados pelas chamadas "propagandas enganosas" da mídia, como vítimas de maus hábitos e modismos que denigrem culturas e valores sociais. Aqui podemos citar: o hábito de fumar (câncer de pulmão), das drogas, do excesso de consumo (oneomania), das compulsões de comer (obesidade mórbida), de trabalhar (workholic), de malhar ( vigorexia), etc.
A NORMOSE, também, está presente na sexualidade. A revolução cultural, mesmo rompendo com antigos e rígidos padrões de relacionamento, acabou por incentivar relações fúteis e passageiras. Nossos jovens não namoram a moda agora é “ficar”, não se casam, vivem juntos, embora, ainda sonhem com príncipes e princesas dos contos de fadas. Não têm filhos de uniões estáveis, mas de produção independente. Tentando resgatar a liberdade e a sensualidade, muitos acabam simplesmente trocando intimidades e sofrendo repetidas frustrações amorosas.
Falar de todas as mudanças que o mundo vem sofrendo nos últimos anos é desnecessário. Importante é estarmos alerta ao quanto essas mudanças têm e podem repercutir em nossas vidas, e para geração presente.
A sociedade moderna está sofrendo de NORMOSE, uma forma de alienação que deve ser combatida por meio de conscientização e autoconhecimento.
O homem precisa se conhecer melhor, saber de seus direitos e deveres, humanizar-se, lutar pela vida, participar de seu próprio destino, saber se posicionar, ter mais autonomia, mais auto-estima. Precisa caminhar rumo ao futuro, onde o progresso seja, não só, o resultado de transformações urgentes e transitórias, mas, sobretudo, baseado em valores cristãos sólidos e conscientes.


Profa. Dra. Edna Paciência Vietta

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