domingo, 1 de janeiro de 2012

O homem e sua natureza religiosa

                                                         
O homem tem a capacidade inata de procurar explicação de fenômenos sobrenaturais e isso o difere dos animais. O homem primitivo não tinha como entender eventos mais complexos, como a erupção de um vulcão, um eclipse ou um raio, uma doença. O homem moderno busca explicações, que lhe sejam compreensíveis mesmo que a razão científica, ainda que provisória, não lhe confira a certeza dos fatos. A prova da existência de Deus foi até bem pouco tempo, assunto evitado no meio científico. Falar sobre a influência da Fé e da Religião na saúde das pessoas era até então tabu no ambiente acadêmico, no entanto, hoje, a ciência deixa de lado todos os preconceitos e torna o tema uma exigência imprescindível na formação de profissionais da saúde e no entendimento, cura e reabilitação do ser humano.
Nos últimos anos os Cientistas de diferentes áreas, sobretudo, das neurociências, se debruçam sobre a questão da existência de Deus e chegam a conclusões surpreendentes: a interferência de um ser Divino, muito poderoso seria uma explicação eficiente para aplacar a necessidade de entender o que não se consegue explicar com o conhecimento comum.
A cada dia descobrem-se evidências de que os sistemas religiosos ajudam a manter comunidades unidas e a construir vínculos familiares e sociais mais duráveis, promovendo uma maior cooperação social e o fortalecimento das relações humanas.
“Todo homem é um ser religioso que tem dentro de si uma força que o impele para Deus”. Carl Gustav Jung (1875-1961), renomado psiquiatra e psicólogo suíço se referiu a esse desejo profundo de buscar e adorar uma força e um poder superior quando escreveu em seu livro ‘The Undiscovered Self’ (O Eu e o Inconsciente), que “essa manifestação pode ser observada em toda a história da humanidade”.
O que buscam as pessoas quando se entregam a uma religião? Pesquisas religiosas provam que a busca realizada pelas pessoas, têm como objetivo ou intenção encontrar paz, saúde e salvação.
As pessoas querem viver a dignidade humana em sua profunda espiritualidade. O sagrado tem como fundamento, os mais altos valores da vida humana. O anseio é encontrar a paz de espírito, a maior riqueza, e um dos caminho para alcançar a felicidade.
Aléxis Carrel (1873-1944), renomado cientista francês, prêmio Nobel de medicina em 1912, declarou magistralmente: “só a religião propõe solução completa do problema humano”. Entenda-se a religião não a crendice nem a superstição. A crendice deturpa o conceito de religião e pode levar pessoas aos desequilíbrios emocionais e a doenças.
Há certo consenso entre cientistas sociais, filósofos e psicólogos sociais de que a religião é um importante fator de significação e ordenação da vida, de seus reveses e sofrimentos. Ela é condição fundamental nos momentos de maior impacto para os indivíduos, como perda de pessoas queridas, doença grave, incapacitação e morte. Por ser um elemento constitutivo da subjetividade e fonte de significado do sofrimento, tem sido considerado objeto indispensável na interlocução com a saúde e os transtornos mentais.
Para médicos, psicólogos e demais pesquisadores no campo da saúde e dos transtornos emocionais e mentais, a religião, como fenômeno humano recorrente, constitutivo da subjetividade, não poderia nem deveria ser negligenciada nem passar despercebida. No entanto, infelizmente, esta condição ainda passa como algo de menor importância. Há, ainda, muita negação mútua da interface da relação entre religião e ciência, entre a crença e a cura dos males do corpo e da mente.
Felizmente, algumas posições mais recentes têm contraposto tal dicotomia à perspectiva de abordar a crença e a cura de forma articulada. Crer, ter fé, é algo fundamental para as pessoas, não apenas por seu aspecto intelectual ou interno ao campo subjetivo, mas, sobretudo, porque crer implica uma dimensão plena dirigida ao mundo externo; ter fé é sempre invocar concretamente o poder do sobrenatural ou do mundo espiritual para os eventos e as experiências da vida diária.

Profa. Dra Edna Paciência Vietta.

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