segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

TDAH- um transtorno camuflado

Nossa experiência como psicoterapeuta tem nos mostrado que a maioria dos adultos com características de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) buscam ajuda na psicoterapia quando apresentam Transtornos de Ansiedade (Fobia Social, Transtorno Obsessivo-compulsivo, Pânico, Depressão), Transtorno Bipolar (transtorno de humor depressão e/ou euforia), alcoolismo, dependência química, e outros quadros.
O TDAH em adultos tem sido visto como uma doença camuflada, devido ao fato de os sintomas serem mascarados, ocorrendo problemas de relacionamento afetivo e interpessoal, falta de organização, problemas de humor, abuso de substâncias, ou seja, problemas caracterizados por comorbidades (presença simultânea de dois ou mais transtornos num mesmo período de tempo).
Estudos demonstram que o portador de TDAH apresenta o distúrbio desde a infância, ou seja, o distúrbio esteve sempre presente, persistindo na vida adulta com comprometimento significativo na vida acadêmica, profissional, conjugal, familiar e social.
As queixas apresentadas pelo portador de TDAH estão geralmente impregnadas de fatos e acontecimentos que nada mais são que prejuízos ou conseqüências advindas do fato de o transtorno não ter sido tratado na infância. Essas queixas se manifestam através de crises conjugais, divórcios, dificuldades em se fixar no emprego, incapacidade de terminar o que começam (o sujeito requer pressão para concluir tarefas), dificuldades em estabelecer prioridades, desorganização e procrastinação, estão sempre em busca de novidades e grandes emoções, trocam de tarefas continuamente, ou seja, tem necessidade de variar. São pessoas desatentas, com dificuldades em se definir por uma profissão, desmotivadas, inconstantes nas relações, fazem muitos planos, mas não concluem nada, muito potencial, às vezes, até muita criatividade, mas, pouca realização, dificuldade de concentração, descontrole financeiro (gastos excessivos), impulsividade, sensações subjetivas de inquietação, impaciência, baixa tolerância à frustração, baixa auto-estima, hipersensibilidade às críticas; irritabilidade, preocupação excessiva, dificuldades para pensar e se expressar com clareza.
Apesar de serem identificadas numerosas semelhanças entre as características de comportamento nas crianças e em adultos com TDAH, foram feitas várias distinções. Uma delas é a redução em níveis globais de hiperatividade entre adultos.
Adultos com TDAH não se dão conta quanto a suas dificuldades de atenção, mesmo porque sempre foram dispersos e desatentos, erram repetidamente, perdem coisas, têm dificuldades para se lembrar o que acabam de ler, necessitam perguntar várias vezes a mesma coisa e evitam leitura que não seja de seu interesse específico. São também, capazes de dormir ou desligar diante de assuntos que não lhe interessam diretamente. Preferem atividades rápidas e trabalhos práticos. Muitas vezes se dedicam às atividades que exige pouca atenção e concentração, mostrando uma clara dificuldade para conseguir o mínimo de concentração suficiente para manter qualquer tarefa.
O diagnóstico é basicamente clínico sendo de grande importância a história da pessoa a ser investigada cuidadosamente, através de entrevistas com um ou mais membros da família, pois é bastante comum a falta de atenção desses pacientes até mesmo para o próprio comportamento. A vida escolar deve ser bem examinada, no entanto, embora não raro a pessoa bem dotada intelectualmente possa compensar o déficit da atenção e ter bom rendimento nos estudos. O transtorno não impede de forma absoluta a concentração, alguns indivíduos são capazes de um bom desempenho na área do trabalho, porém à custa de muito esforço compensatório, estabelecimento de algumas estratégias de funcionamento e de alto grau de interesse, enquanto em todos os outros momentos, a atenção pode falhar de forma significativa.
Para o diagnóstico, é importante lembrar que o TDAH é uma condição que acompanha a pessoa desde a infância, ou seja, ninguém fica TDAH depois de adulto. Cabe lembrar ainda, a possibilidade de uma gama variável de intensidade do quadro clínico, indo desde casos leves ou discretos até casos graves com intenso comprometimento funcional.
No caso de adultos casados, com freqüência algumas intervenções necessitam ser realizadas com o cônjuge. Existem também várias recomendações que podem ser fornecidas ao paciente, de acordo com cada caso em particular, que amenizam suas dificuldades no dia-a-dia. A terapia recomendada é associação de Técnicas Cognitivo-Comportamentais e tratamento medicamentoso.




Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
Psicóloga Clínica

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