O corpo
concretiza a existência do indivíduo
Na fronteira entre o eu e o
mundo, o corpo é linguagem e comunicação (CASTILHO, 2001).
A partir do corpo, nos percebemos
e somos percebidos. Através do corpo interagimos com o mundo que nos cerca.
Podemos dizer que a identidade humana é inseparável de seu substrato somático.
O modo como as pessoas existem nesse substrato acaba por determinar sua forma
de existir no mundo.
A
imagem corporal segundo SCHILDER (1935) consiste na representação da forma, do
tamanho e da aparência do nosso corpo produzida em nossa mente. A
imagem corporal é, portanto, um dos componentes importantes para a formação da
identidade pessoal.
Entre as diversas maneiras que o
indivíduo possui para pensar a respeito de si mesmo, nenhuma é tão
essencialmente imediata e central como a imagem de seu próprio corpo.
Fatores históricos e atuais levam
os indivíduos a se relacionar com seu corpo de modo satisfatoriamente positivo
ou não. Os fatores históricos são as circunstâncias do passado que moldam a
forma de cada um enxergar a própria aparência. Os fatores atuais são as
experiências de vida cotidiana que determinam como as pessoas pensam, sentem e
reagem à sua aparência.
Certas crenças básicas ou
assunções sobre o significado da aparência na vida são aprendidas, quer através
de insultos traumáticos, mensagens familiares ou socialização cultural.
Padrões culturais de beleza, muitas vezes
impostos pela sociedade são fatores importantes na formação da imagem corporal
e no modo como o indivíduo se relaciona consigo. O ser humano é pressionado, a
se adequar ao corpo ideal de sua cultura. Muitas são as formas de arquitetar a
beleza, e a maioria delas pode estar associada a grandes riscos como as dietas
restritivas, a prática excessiva de atividades físicas, o uso de anabolizantes
e as cirurgias estéticas.
A influência dos padrões de
corpo, divulgados pela mídia na atualidade, sobre a Imagem Corporal tem grande
relevância no que tange à adoção de comportamentos de risco e à etiologia dos
transtornos alimentares. O surgimento de novas exigências traz consigo novas
demandas, tornando cada objetivo transitório e deixando cada vez mais distante
a satisfação em relação ao corpo.
Todos os dias somos bombardeados
com imagens de modelos com corpos bonitos, e ter um “corpo perfeito”
transformou-se num fator de aceitação social, e por conseqüência numa
necessidade. Mais cedo ou mais tarde, surge uma comparação entre o que somos e
o que gostaríamos de ser. As conclusões obtidas podem levar a uma imagem
corporal negativa resultando numa baixa auto-estima.
Tavares 2003 afirma que a
identidade corporal é sempre um processo em construção, e que as primeiras
experiências infantis são fundamentais no desenvolvimento da imagem corporal
(2003). Assim, as imagens corporais são dinâmicas e mutáveis em razão de
representar o corpo um objeto em constante modificação.
A partir da segunda metade do
século XX, o culto ao corpo ganhou dimensão social inédita: entrou na era das
massas. A mídia adquiriu imenso poder de influência sobre os indivíduos,
generalizou a paixão pela moda, expandiu o consumo de produtos de beleza,
anunciou transformações nos corpos de pessoas famosas - por meio da cirurgia
plástica - e tornou a aparência uma dimensão essencial da identidade para um
maior número de mulheres e homens (CASTILHO, 2001).
Parece-nos relevante
sugerir que a felicidade tão almejada pela sociedade ocidental, passa, substancialmente,
pela condição corporal das pessoas. Um corpo físico bonito, jovem e atraente
virou um requisito de sobrevivência, uma espécie de obrigação a ser cumprida
com direito à culpabilização. A clássica frase que representa bem esse fato é:
“Só é gordo e feio quem quer, quem não se cuida ou é desleixado”.
Tiggemann (2002) destaca, ainda,
o papel do processo através do qual a mídia oferece instruções explícitas sobre
como atingir o ideal de beleza, destacando que estas informações promovem a
crença de que as pessoas podem, e de fato devem, controlar sua forma e peso
corporais.
Desse modo, a expectativa de
corpo difundida na sociedade contemporânea acaba por influenciar a imagem do
corpo, podendo se associar a transtornos mentais e do comportamento, bem como a
atitudes prejudiciais à saúde.
Profa Dra Edna Paciência
Vietta
Psicóloga
Clínica
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