Tem
sido comum ouvir, sobretudo, no contexto popular que “fulano é Bipólar”. Até bem
pouco tempo o Transtorno Bipolar era denominado Doença Maníaco-Depressiva.
Embora o conhecimento sobre o Transtorno Bipolar ou de humor seja relativamente
recente, quadros clínicos com suas características são descritos desde o século
I a.C. (Wang, 2005). Hipócrates, contrariando as explicações mágico-religiosas
vigentes em sua época, desenvolveu a Teoria Humoral, pela qual ele atribuía às
enfermidades a um desequilíbrio em algum dos quatro humores: bile negra, bile
amarela, fleuma e sangue. Segundo esta teoria a Depressão era causada por
excesso de bile negra e a Mania por excesso de bile amarela, esta foi a teoria
vigente até o Renascimento.
Hoje,
conhecido como Transtorno afetivo de Humor Bipolar este Transtorno é considerado
uma doença psiquiátrica crônica caracterizada por oscilações de humor que podem
variar da Depressão à Euforia.
Na
fase de Mania os sintomas mais freqüentes são: distrair-se facilmente, redução
da necessidade de sono, capacidade de discernimento diminuída; compulsão
alimentar, beber demais e/ou uso excessivo de drogas, sexo com muitos parceiros
(promiscuidade), gastos excessivos, atividade em excesso (hiperatividade),
aumento de energia, pensamentos acelerados que se atropelam, fala em excesso,
auto-estima muito elevada (ilusão sobre si mesmo ou habilidades), grande
envolvimento em atividades, agitação, irritação. Esses sintomas de mania ocorrem
com o Transtorno Bipolar Tipo I. Nas pessoas com Transtorno Bipolar tipo II, os
sintomas da mania são similares, mas menos intensos.
Em
sua forma clássica a mania se caracterizada por humor exageradamente expansivo
(chamado de elação), aceleração no ritmo do pensamento, agitação
psicomotora e pensamentos delirantes de grandiosidade. Dependendo da gravidade
do Episódio Eufórico as idéias delirantes podem fazer confundir o quadro
com um surto esquizofrênico.
A
fase depressiva nos Transtorno Bipolar tipo I e II apresenta os seguintes
sintomas: desânimo diário ou tristeza, dificuldade de se concentrar, de lembrar
ou de tomar decisões, perda de peso e perda de apetite, comer excessivamente,
ganho de peso, fadiga ou falta de energia, sentir-se inútil, sem esperança ou
culpado, perda de interesse nas atividades que antes eram prazerosas, baixa
auto-estima, lentificação, pensamentos sobre morte e suicídio, problemas para
dormir ou excesso de sono.
O
risco de tentativas de suicídio em pessoas com transtorno bipolar é grande. Os
pacientes podem abusar do álcool ou de outras substâncias, piorando os sintomas
e o risco de suicídio. Em alguns casos, as duas fases se sobrepõem. Os sintomas
maníacos e depressivos podem ocorrer juntos ou rapidamente um após o outro.
Nesse caso, recebe o nome de “estado misto”.
Na
verdade, todos nós apresentamos algumas alterações de humor, ou seja, nosso
humor não é constante, variando de acordo com as situações que vivenciamos no
dia-a-dia, ou seja, não somos constantes em nosso estado de humor. Em alguns
dias estamos mais tristes e em outros mais alegres. O que diferencia uma pessoa
com Transtorno de Humor Bipolar daquela com flutuações normais do humor é a
intensidade destas oscilações. Assim, devemos levar em conta que este distúrbio não consiste apenas de meros "altos e
baixos". As mudanças de humor do distúrbio bipolar são mais extremas e mais
duradouras que aquelas experimentadas pelas demais pessoas. É a
desproporção entre as circunstâncias e as reações, ou seja, no Transtorno, o
comportamento do Bipolar é desproporcional aos fatos ou inadequado ao ambiente.
A pessoa está alegre e eufórica, quando nada ao redor justifica tais
sentimentos. Como sua autocrítica está comprometida, age como se estivesse sob o
efeito do álcool ou de drogas. Seu pensamento fica acelerado e desorganiza-se de
tal modo que os assuntos surgem em tumulto e é difícil acompanhar sua linha de
raciocínio. Para quem tem distúrbio bipolar, momentos de estabilidade são
raros.
O
Transtorno Bipolar é uma doença de grande impacto na vida do paciente, de sua
família e sociedade, podendo causar prejuízos irreparáveis em vários setores da
vida do indivíduo, como nas finanças, saúde, reputação, além do sofrimento
psicológico.
As
crises no início são espaçadas, e quase não se percebe a diferença dos sintomas
para os traços de personalidade do indivíduo. Muitas vezes esse diagnóstico
nunca chega a ser dado, e o paciente, passa uma vida inteira entre altos e
baixos, podendo por fim a sua própria vida, numa total solidão de vivências
exacerbadas.
Profa.
Dra. Edna Paciência Vietta
Psicóloga Clínica
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