sábado, 29 de setembro de 2012

Transtorno Bipolar

                Tem sido comum ouvir, sobretudo, no contexto popular que “fulano é Bipólar”. Até bem pouco tempo o Transtorno Bipolar era denominado Doença Maníaco-Depressiva. Embora o conhecimento sobre o Transtorno Bipolar ou de humor seja relativamente recente, quadros clínicos com suas características são descritos desde o século I a.C. (Wang, 2005). Hipócrates, contrariando as explicações mágico-religiosas vigentes em sua época, desenvolveu a Teoria Humoral, pela qual ele atribuía às enfermidades a um desequilíbrio em algum dos quatro humores: bile negra, bile amarela, fleuma e sangue. Segundo esta teoria a Depressão era causada por excesso de bile negra e a Mania por excesso de bile amarela, esta foi a teoria vigente até o Renascimento.
Hoje, conhecido como Transtorno afetivo de Humor Bipolar este Transtorno é considerado uma doença psiquiátrica crônica caracterizada por oscilações de humor que podem variar da Depressão à Euforia.
Na fase de Mania os sintomas mais freqüentes são: distrair-se facilmente, redução da necessidade de sono, capacidade de discernimento diminuída; compulsão alimentar, beber demais e/ou uso excessivo de drogas, sexo com muitos parceiros (promiscuidade), gastos excessivos, atividade em excesso (hiperatividade), aumento de energia, pensamentos acelerados que se atropelam, fala em excesso, auto-estima muito elevada (ilusão sobre si mesmo ou habilidades), grande envolvimento em atividades, agitação, irritação. Esses sintomas de mania ocorrem com o Transtorno Bipolar Tipo I. Nas pessoas com Transtorno Bipolar tipo II, os sintomas da mania são similares, mas menos intensos. Em sua forma clássica a mania se caracterizada por humor exageradamente expansivo (chamado de elação), aceleração no ritmo do pensamento, agitação psicomotora e pensamentos delirantes de grandiosidade. Dependendo da gravidade do Episódio Eufórico as idéias delirantes podem fazer confundir o quadro com um surto esquizofrênico.
A fase depressiva nos Transtorno Bipolar tipo I e II apresenta os seguintes sintomas: desânimo diário ou tristeza, dificuldade de se concentrar, de lembrar ou de tomar decisões, perda de peso e perda de apetite, comer excessivamente, ganho de peso, fadiga ou falta de energia, sentir-se inútil, sem esperança ou culpado, perda de interesse nas atividades que antes eram prazerosas, baixa auto-estima, lentificação, pensamentos sobre morte e suicídio, problemas para dormir ou excesso de sono.
O risco de tentativas de suicídio em pessoas com transtorno bipolar é grande. Os pacientes podem abusar do álcool ou de outras substâncias, piorando os sintomas e o risco de suicídio. Em alguns casos, as duas fases se sobrepõem. Os sintomas maníacos e depressivos podem ocorrer juntos ou rapidamente um após o outro. Nesse caso, recebe o nome de “estado misto”.
Na verdade, todos nós apresentamos algumas alterações de humor, ou seja, nosso humor não é constante, variando de acordo com as situações que vivenciamos no dia-a-dia, ou seja, não somos constantes em nosso estado de humor. Em alguns dias estamos mais tristes e em outros mais alegres. O que diferencia uma pessoa com Transtorno de Humor Bipolar daquela com flutuações normais do humor é a intensidade destas oscilações. Assim, devemos levar em conta que este distúrbio não consiste apenas de meros "altos e baixos". As mudanças de humor do distúrbio bipolar são mais extremas e mais duradouras que aquelas experimentadas pelas demais pessoas. É a desproporção entre as circunstâncias e as reações, ou seja, no Transtorno, o comportamento do Bipolar é desproporcional aos fatos ou inadequado ao ambiente. A pessoa está alegre e eufórica, quando nada ao redor justifica tais sentimentos. Como sua autocrítica está comprometida, age como se estivesse sob o efeito do álcool ou de drogas. Seu pensamento fica acelerado e desorganiza-se de tal modo que os assuntos surgem em tumulto e é difícil acompanhar sua linha de raciocínio. Para quem tem distúrbio bipolar, momentos de estabilidade são raros.
O Transtorno Bipolar é uma doença de grande impacto na vida do paciente, de sua família e sociedade, podendo causar prejuízos irreparáveis em vários setores da vida do indivíduo, como nas finanças, saúde, reputação, além do sofrimento psicológico.
As crises no início são espaçadas, e quase não se percebe a diferença dos sintomas para os traços de personalidade do indivíduo. Muitas vezes esse diagnóstico nunca chega a ser dado, e o paciente, passa uma vida inteira entre altos e baixos, podendo por fim a sua própria vida, numa total solidão de vivências exacerbadas.

Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
          Psicóloga Clínica

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