sábado, 3 de maio de 2014

Procrastinação: empurrar com a barriga

maio 3rd, 2014 by ed23
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Procrastinação: empurrar com a barriga”
Procrastinar é uma das grandes causas de insucesso acadêmico, fonte de muito sofrimento e conflitos, porque a inércia incomoda as pessoas ao seu entorno, sobretudo, familiares que acabam mantendo cobrança constante sob o procrastinador. Procrastinar é adiar sucessivamente uma tarefa ou decisão. A pessoa fica dividida entre o dever e o lazer ou ócio, porém se mantém acomodado, ou seja, continua adiando a iniciativa em fazer o que tem que ser feitor, embora se sinta culpada e estressada com culpa e cobranças. Não estudar para um exame que vai acontecer daqui a cinco dias, não estar preparada e ficar tranqüilo e relaxada assistindo televisão ou passeando pelo shopping sem se importar ou não se sentir culpada por isso, então ela estará procrastinando.
As pessoas que adiam atividades fazem coisas como deixar o quarto a um estado de desorganização incontrolável, empilhar a louça na pia da cozinha, deixar de ir ao médico porque vai perder tempo, desistir de terminar a leitura de bom livro, deixar de iniciar um trabalho, etc.
O comportamento de procrastinação é desenvolvido ao longo da história de vida do indivíduo e se torna um hábito. Em sua dinâmica de vida, devido às freqüentes repetições deste comportamento e possíveis conseqüências positivas (não sentir desconforto), a pessoa adquiriu um hábito comportamental.
Os procrastinadores, não sentem motivados a realizar tarefas e estão sempre dizendo que o farão depois, só que esse depois é postergado, não chega nunca, simplesmente porque tarefas lhe trás desconforto ou lhes são desagradáveis ou ainda, lhe exige esforço, atenção, tempo e motivação.
Os procrastinadores usam mais frases do tipo “eu devo fazer tal coisa” que as outras pessoas. Eles dizem a si mesmos “Devo começar um trabalho, já perdi muito tempo”, “Devo terminar a faculdade, não posso continuar assim”. “Devia estudar para o vestibular, o tempo está passando”. Na verdade, quanto mais afirma para si que devia fazer algo, mais difícil se torna a tomada de decisão em começar agir. Por certo o procrastinador deveria melhor banir do seu vocabulário frases do tipo: “eu preciso”, “eu devo”, e substituí-las por: “É desejável que eu faça” , “ é benéfico eu fazer”, “me é vantajoso tomar tal atitude”, essas frases sugeridas refletem melhor a razão pela qual se deve fazer algo.
O procrastinador está sempre cansado, exausto, culpando o destino, a sorte ou melhor o azar. Parece que nada dá certo para ele. Seria importante atentar para suas reais responsabilidades e se conscientizar das possíveis vantagens em se fazer o que se propõe. Se pensarmos que nada lucramos em fazer algo ou se temos coisas melhores a fazer, não se terá a motivação necessária para tomada de iniciativa. No entanto, se for vantajoso, então se fará a tarefa porque se quer, e não porque “devíamos”. Vamos ao médico ou ao dentista, porque é melhor para nós, para a nossa saúde. Estudamos, porque queremos acabar um curso. Arrumamos os papéis da mesa, porque produzimos mais e melhor com mesa arrumada. Organizarmos nosso quarto, para dormirmos melhor, mais relaxado.
Crenças e Pensamentos Disfuncionais, a forma como se pensa (isto é, aquilo que as pessoas dizem a si próprias) influência a atitude face às varias tarefas de manutenção ou de desenvolvimento que se pensa realizar. Por exemplo, pensamentos como “Não consigo ser bem sucedido em nada”, “Não tenho as competências necessárias para desempenhar tais tarefa”, “não vou dar conta de realizar o que pretendo” podem levar a sentimentos de inadequação que conduzem ao adiamento. Aqueles que acreditam “veementemente” que são incompetentes nesta ou naquela tarefa (ou mesmo em geral) “estão certos” de que vão falhar e procurarão evitar a sensação desagradável de ver as suas competências testadas. Ás vezes, o procrastinador se acha competente de mais e não aceita realizar qualquer tarefa e então procrastina até encontrar essa “coisa melhor” que na verdade, não existe para ele.
Existem muitos outros tipos de pensamentos disfuncionais, como acontece quando o procrastinador encara uma recaída como um fracasso total; quando sente as tarefas como esmagadoras e irrealizáveis; quando pensa que ao ignorá-las vão acabar aparecendo feitas, tipo (tupã está me ajudando) ou acabar desaparecendo por encanto ou magia; ou quando desenvolve a tendência a subestimar o tempo e o esforço necessário para realizar a tarefa, ou ainda, a dificuldade em encará-la; ou ainda, quando se pensa que a motivação tem que preceder a ação – “tem que estar muito motivado para fazer algo, aparentemente menos atrativo, etc.
Outro aspecto analisado na procrastinação, tanto acadêmica como na vida diária, especialmente, são as crenças falsas, como: “tenho que ser perfeito”,”é mais seguro não fazer nada do que correr o risco e falhar”, num modelo de esquiva descrito por Burka e Yuen (1991).
O procrastinador assume a crença de que pessoas bem sucedidas se sentem sempre confiantes e facilmente alcançam os seus objetivos sem ter que enfrentar sentimentos de frustração, incertezas e fracassos.
O sentimento de culpa aparece porque, sem conseguir controlar o próprio tempo, os procrastinadores sentem que o dia passa sem que tenham produzido o mínimo necessário. Assim, criam um caos pessoal que acaba em sentimentos depreciativos. Há casos de gente que se endivida por perder prazos de pagamentos, que fica desempregada ou passa por crises de auto-estima.
Estudos de pesquisa vão ainda mais longe. Para a pesquisadora Fuschia Siroisela, a procrastinação é caso de saúde pública. Ela descobriu que aquele costume de deixar a ida ao médico para depois ou postergar a matrícula na academia causa problemas de saúde definitivos.
O ato de adiar pode estar relacionado à exigência de perfeição – pessoas perfeccionistas preferem tarefas desafiadoras às fáceis de realizar.
Segundo Patricia Sommers, entre uma série de variáveis que favorecem a enrrolação, o medo do fracasso é a líder da lista. “Aqueles que mais têm medo de errar são os que mais procrastinam.” Na hora de botar a mão na massa, acabam adiando a realização da tarefa por medo de errar.
Também pode haver, na raiz da procrastinação, um pouco de auto-sabotagem. Se achando pouco merecedor dos benefícios que a tarefa poderia lhe render, o procrastinador supervaloriza os obstáculos que o impedem de cair de cabeça no trabalho, acabando com a possibilidade de fazê-lo bem-feito.
A procrastinação é também uma forma de se lidar com emoções e sintomas físicos que acompanham alguns problemas mentais, como Transtorno de Déficit de Atenção, Depressão, Ansiedade de Separação, Ansiedade Generalizada, Transtorno Bipolar ou Transtorno Obsessivo-Compulsiva.
As causa são basicamente três: a genética biológica do organismo do indivíduo (neurotransmissores, hormônios, comportamentos reflexos e motores), a educação que ele recebeu, somada as suas experiências de vida, e a cultura em que ele está inserido. Nesse último caso, o Brasil não dá modelos de condutas assertivas, que envolvem organização, planejamento, autocontrole, limites e outros.
Na grande maioria das vezes na infância quando as crianças são extremamente cobradas pelos pais, acreditam que não conseguirão realizar suas tarefas de modo satisfatório e acabam postergando por medo e insegurança tudo que for importante. E também o outro lado da mesma moeda, ou seja, crianças extremamente protegidas, pois acreditam que sempre alguém fará por elas. Tornando-se assim, adultos inseguros para agir quando alguém não as tiver auxiliando.
Porém, o que mais explica a procrastinação é o fato do procrastinador valorizar muito mais o momento presente que do futuro, ou seja, o Carpe diem, o hedonismo, ou seja, a buscar o prazer imediato, individual, como única e possível forma de vida moral, evitando tudo o que possa ser desagradável. Quando o indivíduo não aceita fazer as coisas de forma gradual e progressiva e insiste pular etapas.
Por isso, um jeito de evitar a procrastinação é mudar a forma de pensar. Enquanto problema comportamental, tal como outros problemas ligados à saúde mental, pode ser tratado com psicoterapia associados a psicofármacos.
Profa Dra Edna Paciência Vietta
Psicóloga Cognitivo-comportamental Ribeirão Preto

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013


  Psicoterapia de casal: abordagens copgnitivo-comportamental

               
                                        
                                         
                              
              
Segundo Sadock e Sadock (2007), a terapia de casais ou conjugal é um tipo de psicoterapia que pretende facilitar a interação de duas pessoas que estão em conflito sobre uma variedade de parâmetros sociais, emocionais, sexuais e/ou econômicos
 A Terapia de Casal é uma terapia conjunta, centrada no relacionamento conjugal com objetivos de: melhorar a comunicação; enriquecer os comportamentos positivos; desenvolver habilidades de resolução de problemas; mudar padrões de comportamentos que levam à discórdia conjugal; aliviar problemas sexuais; reestruturar padrões de pensamentos disfuncionais e prejudiciais; buscar a diminuição progressiva dos conflitos destrutivos; avaliar as crenças quanto ao relacionamento a dois. Porém a meta a ser alcançada é a satisfação conjugal.
Os motivos mais freqüentes na busca de psicoterapia de casais tem sido: a traição de um ou de amos os cônjuges; desentendimentos freqüentes, dificuldade de comunicação (falta de diálogo), hostilidades e agressões físicas ou psicológicas, ciúme, desconfiança ou possessão, machismo. Promessas por cumprir, mentira, e infidelidade são as principais violações à confiança entre o casal e muitas vezes são a causa da ruptura relacional.
Quando a confiança, que é a base de um relacionamento amoroso, é quebrada os problemas acumulam e a motivação para manter a relação diminui. Na terapia de casal temos a oportunidade de rever a vida a dois, muitas vezes desgastada pelo acúmulo de pequenos desencontros do dia-a-dia. É um espaço apropriado para facilitar o diálogo e a conseqüente resolução de conflitos, repensando, modificando e fortalecendo a relação conjugal
 Os aspectos principais para um bom relacionamento conjugal é o respeito, a confiança, o comprometimento, a amizade, empatia, a química e a habilidade em resolver conflitos.
Saber ouvir o que o outro está dizendo e saber interpretar corretamente a mensagem recebida. Numa terapia de casal, isso é detectado e exercitado, de modo que os cônjuges possam transformar verdadeiramente sua relação em algo mais equilibrado e transparente. É o espaço apropriado para facilitar o diálogo e a conseqüente resolução de conflitos, repensando, modificando e fortalecendo a relação conjugal. Aceitar as diferenças, evitar provocar discussões, não depositar no outro a responsabilidade da própria felicidade e estar bem consigo mesma antes de culpar o outro são alguns dos truques para manter uma relação saudável.
A psicoterapia com casais pode ser realizada tanto para casados, namorados, noivos, que moram juntos ( hetero ou homoafetivos) que estão em um momento de crise afetiva ou sexual, que geram dúvidas sobre a continuidade desse relacionamento e desgaste.
Existem alguns casos em que a terapia de casal não é indicada, e na primeira entrevista o psicólogo poderá avaliar a necessidade de uma intervenção primeiramente individual, por ter a probabilidade de não ser ineficaz sessões conjuntas . A falta de envolvimento por um dos parceiros, ou outros problemas específicos podem ser tidos como pontos fundamentais para não se iniciar uma psicoterapia de casal.
Alguns fatores comprometem a eficácia do processo terapêutico e necessitam serem resolvidos antes, tais como: não querer abandonar um caso extraconjugal; um dos parceiros já se decidiu pela separação; perturbação de personalidade ou caráter que leva a relacionamentos instáveis; violência física; dependência de álcool ou drogas.
É possível que inicialmente a parte que teve a iniciativa em buscar ajuda seja atendida primeiro. Eventualmente é possível que uma das partes possa sentir necessidade em comparecer sozinha. A grande maioria inicia o processo em conjunto e depois, dependendo da avaliação, o psicólogo intercala sessões juntas e sessões separadas. Após adequação, as sessões seguem em conjunto (caso não haja intercorrências).
A utilização da terapia cognitivo-comportamental com casais começou a ser mais pesquisada e utilizada na América do Norte por volta de 1980, e, desde então, vem se desenvolvendo de forma gradual e constante. Atualmente o objetivo desta terapia é facilitar a interação dos cônjuges. Para tanto, o psicólogo estabelece um contrato terapêutico com o casal, a fim de estabelecer o enquadre, favorecer a participação ativa do casal, a psicoeducação e motivação para mudança. A partir dai o problema é avaliado conjuntamente com o objetivo de discriminar e evidenciar padrões pouco funcionais do casal.
Os principais instrumentos utilizados pelo profissional são os tipos de comunicação, como a entrevista motivacional, o diálogo socrático e a descoberta guiada (ANDRADE et al., 2009).
                                                         Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
                                                              Psicóloga Ribeirão Preto

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Diferentes Modelos Comportamentais

Diferentes Modelos Comportamentais

                                Diferentes Modelos Comportamentais

                                       
            
                          Diferentes Modelos Comportamentais

     As terapias designadas como terapias cognitivo-comportamentais (TCC) constituem uma integração de conceitos e técnicas cognitivas e comportamentais e não comportamentais. A TCC é uma abordagem “eclética” ao integrar conceitos e técnicas de abordagens diferentes tanto no que se refere aos pressupostos teóricos quanto na forma como se dá a prática psicoterápica. No entanto, o modelo cognitivo implica uma decisão teórica: requer entrar no estudo da problemática humana através de um modelo e uma metodologia cognitiva, no qual se vai priorizar o fenômeno cognitivo sobre qualquer outro, sempre ressaltando a influência do cognitivo sobre os demais. Porém, priorizar não significa desconsiderar outros modelos senão tomar uma dada posição teórica, ou seja, o Modelo Teórico é uma opção a priori que uma vez tomada nos obriga a sermos coerentes com ela.
Até a década de 50, o termo mais empregado para se referir a procedimentos de intervenção frente ao comportamento humano, baseados nos pressupostos teóricos do behaviorismo e nos conhecimentos empíricos produzidos pela análise experimental do comportamento, foi “modificação do comportamento” (Kazdin, 1978). Sua origem está relacionada a três fatos principais: as pesquisas fisiológicas realizadas na Rússia, desde o final do século XIX, o surgimento do behaviorismo nos Estados Unidos em 1913, e os avanços obtidos com o desenvolvimento da Psicologia da aprendizagem. Mas foi a partir dos anos 40 que a modificação do comportamento teve seu maior impulso, relacionado, em parte, pela insatisfação de muitos psicólogos com a psicoterapia tradicional vigente, fortemente influenciada pela psicanálise e carente de estudos que comprovassem sua eficácia (Kazdin, 1978).
No final dos anos 60, predominava uma avaliação paradoxal da terapia comportamental, coexistindo um interesse geral pelas suas técnicas, de eficácia cada vez mais comprovada, e um desinteresse ou insatisfação dos novos terapeutas comportamentais pela teoria behaviorista. Tal situação tornou-se, então, propícia para a inserção de outras teorias e técnicas no campo da terapia comportamental, gerando distintos modelos de análise, intervenção e propostas para a adoção de um ecletismo teórico como a melhor alternativa para aqueles que desenvolviam uma prática clínica comportamental (Lee, 1992).
Existem diferentes modelos terapêuticos comportamentais: São exemplos, a Psicoterapia Funcional-Analítica (Kohlenberg & Tsai, 1991), a Terapia da Aceitação e Compromisso (Hayes, Strosahl & Wilson, 1999), a Terapia Racional-Emotiva-Comportamental (Ellis & Dryden, 1997; Ellis & Greiger, 1977) e a Terapia Cognitiva (Beck, Rush, Shaw & Emery, 1979/1982), a Terapia por Contingências de Reforçamento (Guilhardi, 2004), dentre outras. Parece-nos mais adequado, portanto, tratar a terapia comportamental como um campo mais amplo, constituído de propostas terapêuticas mais ou menos fundamentadas na tradição behaviorista (Franks, 1996; Krasner, 1969).
Ellis e Beck, por exemplo, não eram terapeutas comportamentais, mas treinados anteriormente sob o enfoque psicanalítico. De acordo com Wilson (1978), esse termo foi usado pela primeira vez numa convenção em Nova York, em abril de 1976. Posteriormente, a proposição de uma categoria de terapias cognitivo-comportamentais teve como função identificar um grupo de terapias que associavam uma perspectiva teórica enfática quanto ao papel dos processos cognitivos na mediação do comportamento ao uso de estratégias terapêuticas comportamentais (Dobson & Block, 1988; Shinohara, 1997).
Por se tratar de um conjunto heterogêneo, Mahoney e Arnkoff (1978) sugeriram a classificação das terapias cognitivo-comportamentais em três grupos, de acordo com sutis diferenças quanto aos seus objetivos: a) As terapias de habilidades para o enfrentamento, cujo foco está nas formas pelas quais o cliente poderá minimizar os efeitos negativos de eventos externos; b) As terapias de resolução de problemas, mais voltadas para o ensino de estilos de reação e estratégias de produção de um maior número de alternativas possíveis para a solução de problemas; e c) As técnicas de reestruturação cognitiva, cujo alvo é a mudança de pensamentos perturbadores.
Há também grande diversidade de técnicas empregadas, indo desde técnicas projetivas, até técnicas computadorizadas de avaliação de medidas relacionadas à atividade cognitiva. Destacam-se ainda, os procedimentos de investigação imaginativa, de condicionamento encoberto, de confrontação e reestruturação de crenças disfuncionais, correções verbais de visões e/ou processos distorcidos e questionamento socrático, dentre outras (Dobson, 1988; Sweet & Loizeaux, 1991).

 Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
Psicóloga Cognitivo-comportamental




Barbosa, J.I.C , Barbosa, A. Rev. Bras. de Terapia Comportamental e Cognitiva, Campinas-SP, 2010, Vol. XII, nº 1/2, 60-79.
Kazdin, C. M. (1978). History of behavior modification: Experimental foundations of contemporary research. Baltimore: University Park Press.
Lee, C. (1992). On cognitive theories and causation in human behavior. Journal of Behavior Therapy and Experimental Psychiatry, 23 (4), 257-268.
Kohlenberg, R. J., Tsai, M., Dougher, M. J. (1993). The dimensions of clinical behavior analysis. The Behavior Analyst, 16, 271-282.
Hayes, S. C., Strosahl, K. D. & Wilson, K. G. (1999). Acceptance and commitment therapy:An experiential approach to behavior change. New York: The Guilford Press.
Ellis, A. & Dryden, W. (1997). The practice of rational-emotive behavior therapy. New York: Springer Publishing Company.
Ellis, A. & Greiger, R. (1977). Handbook of rational-emotive therapy. New York: Springer.
Beck, A. T.; Rush, A. J., Shaw, B. F. & Emery (1982). Terapia cognitiva da depressão. Rio de janeiro: Zahar Editores. Publicado originalmente em 1979.
Guilhardi, H. J. (2004). Terapia por contingências de reforçamento. Em: C. N. de Abreu, e H. J. Guilhardi (Eds.). Terapia comportamental e cognitivo comportamental: Práticas clínicas. São Paulo: Roca.
Franks, C. M. (1996). Origens, história recente, questões atuais e estados futuros da terapiacomportamental: Uma revisão conceitual. In: V. E. Caballo (Org.), Manual de técnicasde terapia e modificação do comportamento (pp. 3-22). Campinas: Editorial Psy.
Krasner, L. (1969). Behavior modification – values and training: The perspective of a psychologist. In C. M. Franks (Ed.) Behavior therapy: appraisal and status (pp. 537- 566). New York: McGraw-Hill.
Dobson, K. S. & Block, L. (1988). Historical and philosophical bases of the cognitive behavioral therapies. In K. S. Dobson (Ed.) Handbook of cognitive-behavioral therapies (pp. 1-38). New York: The Guilford Press.
Shinohara, H. O. (1997). Conceituação da terapia cognitivo-comportamental. In: R. A. Banaco (Org.), Sobre comportamento e cognição: aspectos teóricos, metodológicos e de formação em análise do comportamento e terapia cognitivista (pp. 1-5). São Paulo: ARBytes.
Mahoney, M. J. & Arnkoff, D. B. (1978). Cognitive and self-control therapies. In: S. L. Garfield & A. E. Bergin (Eds.), Handbook of psychotherapy and behavior change: An empirical analysis (pp. 689-722). New York: Wiley.
Dobson, K. S. (1988). The present and future of the cognitive-behavioral therapies. In K. S. Dobson (Ed.) Handbook of cognitive-behavioral therapies (pp. 387-414). New York: The Guilford Press.
Sweet, A. A. & Loizeaux, A. L. (1991). Behavioral and cognitive treatment methods: A critical comparative review. Journal of Behavior Therapy and Experimental Psychiatry, 22 (3), 159-185.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Síndrome de Hiperventilação e Síndrome do Pânico

               Síndrome de Hiperventilação e Síndrome do Pânico                                         
             Síndrome de Hiperventilação e Síndrome do Pânico

     Há muitas evidências de que, durante o ataque de pânico, a estimulação respiratória seja um evento comum em pacientes com Transtornos do Pânico. Certas anormalidades respiratórias, tais como o aumento da sensibilidade ao CO2 e respiração torácica, foram detectadas em pacientes com transtorno de pânico, parecendo haver uma anormalidade básica nos mecanismos fisiológicos que controlam a respiração desses pacientes.
     Evidências sugerem que a fisiologia respiratória continua normal em pacientes com transtorno de pânico e que sua tendência a hiperventilar e a reagir com pânico em resposta a estimulantes respiratórios como o CO2 é na verdade a ativação de um circuito do medo hipersensível. (Meuret AE, Rosenfield D, Hofmann SG, Suvak MK, Roth WT, 2009).
     Os sintomas da Sindrome da hiperventilação e a Síndrome do pânico se sobrepõem consideravelmente, embora as duas condições sejam distintas.Aproximadamente 50% dos pacientes com distúrbio do pânico e 60% dos pacientes com agorafobia (comportamento de evitar lugares ou situações onde o escape seria difícil caso se tenha uma crise de pânico ou algum mal estar ou embaraço), manifestam hiperventilação como parte de seus sintomas, enquanto que apenas 25% dos pacientes com SHV manifestam doença do pânico. A verdade é que diante de qualquer ameaça, situação estressante ou percebida como tal, o corpo reage com alterações fisiológicas, com o objetivo de criar condições físicas necessárias para enfrentar o problema ou fugir dele. Contudo, no TP, o indivíduo não percebe assim, assimilando equivocadamente os sintomas emergentes como algo grave. Em conseqüência dessa cognição distorcida, o indivíduo pode inclusive desenvolver complicações do transtorno de pânico. Um exemplo é a hipocondria, transtorno caracterizado pela preocupação e medo excessivos de adquirir uma doença séria (Barsky et al., 1998).
     O transtorno de pânico (TP) caracteriza-se por ataques agudos de ansiedade freqüentes e recorrentes. A atual concepção para o TP realça o medo das sensações corporais a partir do momento em que o indivíduo associa de forma equivocada as sensações físicas que se apresentam como sendo prenúncio de uma doença grave e/ou morte iminente, não conseguindo interpretá-las como mecanismos fisiológicos naturais.
     Hiperventilação também chamado de Overbreating é quando uma pessoa está com a respiração mais rápida e mais profunda do que o normal. A hiperventilação pode ser uma sensação assustadora. Quando a pessoa hiperventila, seu coração bate mais rápido, provocando palpitação e a sensação de que lhe falta ar. Conseqüentemente o nível de gás carbônico no sangue e no cérebro cai, provocando os seguintes sintomas: palpitação, sensação de falta de ar, formigamento e dormência em pernas, braços e lábios, sensação de morte iminente e, algumas vezes, perda de consciência (desmaio). Os sintomas geralmente duram de 20 a 30 minutos, mas para a pessoa a sensação é de horas.
     Apesar de assustar, a hiperventilação não costuma ser perigosa. A síndrome da hiperventilação observada durante ataques de pânico pode se manifestar de forma aguda ou crônica. Nessa perspectiva, acredita-se que problemas respiratórios causem surtos de hiperventilação e alcalose respiratória, desencadeando vários sinais e sintomas somáticos que, por sua vez, geram medo e ansiedade.
     Estudos mostram que pacientes com transtorno de pânico, tiveram ataque de pânico após a hiperventilação induzida. A hiperventilação por estresse gera sintomas freqüentemente interpretados como risco de morte. A interpretação equivocada desses sintomas aumenta o medo e ativa o sistema nervoso autônomo, aumentando a freqüência respiratória, o que causa maior redução de CO2 que leva a um ataque de pânico. Assim, estudos confirmam haver conexão entre o pânico e a respiração podendo ser esse o ponto de partida para novos estudos do transtorno de pânico e seu tratamento.
     Antes de qualquer intervenção psicológica se faz imprescindível a avaliação médica para se excluir todas as possibilidades da presença de problemas clínicos que possam gerar sintomas similares aos de ataque de pânico.
Na Terapia cognitivo-comportamental o paciente é orientado a melhorar sua respiração e a exercitar técnicas específicas com vistas a diminuir a hiperventilação, além de receber psicoeducação apropriada sobre seu Transtorno, estratégias de enfrentamento, de modo a tranqüilizá-lo quanto ao controle dos sintomas e sensações corporais.
     Outras técnicas como exposição in vivo (expor o paciente gradativamente a situações agorafóbicas) também fazem parte das estratégias.
     A Terapia cognitiva objetiva levar os indivíduos a identificarem com clareza seus pensamentos e a entender a que emoções e comportamentos estão interligados. À medida que o paciente compreende esses mecanismos, torna-se mais fácil desfazer e corrigir a cognição distorcida.
     A terapia cognitivo-comportamental é uma modalidade eficaz de tratamento de pacientes com Transtorno de Pânico, tanto como uma terapia de primeira linha, como uma estratégia para pacientes que não respondam à medicação, ou como na maioria das vezes combinado com a terapia farmacológica.
                                           Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
                                                    Psicóloga Clínica

domingo, 23 de junho de 2013

Consumismo, Narcisismo e ditadura da felicidade

Consumismo, Narcisismo e a ditadura da felicidade



Fica cada vez mais evidente, em nossa civilização, o surgimento de um novo estilo de vida que influencia gostos, costumes, atitudes e comportamentos dos indivíduos de forma geral. Os avanços tecnológicos e a busca exacerbada pelo prazer potencializam o “individualismo” dando ênfase aos aspectos mais preponderantes do narcisismo em nossa sociedade. 

Na visão psicanalítica, o narcisismo que acontece na infância é considerado como primário e é parte do processo normal do desenvolvimento humano. Nesse primeiro momento, a energia libidinal estaria concentrada no Ego servindo de proteção, além de fonte de fantasias. O Ser nessa condição está totalmente voltado para si. Essa etapa é indispensável para o desenvolvimento humano e não se confere a ela nenhuma patologia. O narcisismo, portanto, retrata a tendência do indivíduo de alimentar uma paixão por si mesmo. Noutras palavras, é um estado psicológico em que o ser humano é incapaz de amar outra pessoa além de si mesma. 

Segundo Freud, isso acontece com todos até certo ponto, a partir do qual deixa de ser saudável e se torna doentio, conforme os parâmetros psicológicos e psiquiátricos. Com o desenvolvimento do indivíduo essa energia libidinal ligada ao Ego tende a se deslocar para os objetos, ou seja, o Ego narcísico passará a procurar no Outro a realização de seus desejos e satisfação. Quando isso não acontece, instala-se o narcisismo patológico. 

Numa sociedade consumista, a libido é novamente redirecionada ao Eu, ou seja, há uma regressão ao narcisismo e a sociedade é pautada por certas características: supervalorização da auto-realização, egocentrismo, personalidade centrada no EU, no individualismo, particularismo, hedonismo, busca por viver intensamente o presente, sentimento de desprezo e apatia pelo coletivo, buscando apenas a própria vantagem, só necessitando do Outro como instrumento de confirmação do próprio Eu. Nesse contexto, o Outro, é também apresentado como objeto para o consumo. 

De acordo com Costa (1988), os distúrbios narcísicos, neste contexto, resultam de uma ampliação da experiência de impotência e desamparo, bem como de um clima de desorientação e ansiedade que tendem a se generalizar. Assim, o narcisismo se revela com o objetivo de evitar desprazer, dor, sofrimento ou privação. 

Essa nova conjuntura leva o indivíduo a criar uma identidade pautada no consumismo, transformando tudo e todos em mercadorias que podem ser consumidas, coagindo o indivíduo a comprar para se sentir feliz tornando o que se pode chamar de ditadura da felicidade. Esta “felicidade material” faz com que a sociedade torne-se cada vez mais alienada – refém da própria existência. 

A felicidade passa a ser pautada na aquisição de bens e poder- no consumo. Assim, é mais feliz quem consumir mais. 

O objetivo natural do homem é ser feliz. Ao longo da civilização, muitos foram os caminhos percorridos pelo ser humano na busca dessa realização. 

Na Antiguidade, Idade Média e Modernidade a felicidade estava ancorada no Outro – no social, no coletivo – enquanto na atualidade, o ancoradouro da felicidade é o Eu – no indivíduo. Observamos a exacerbação do individualismo e a fragilidade dos laços sociais. Na prática, ao contrário de tempos antigos em que a sensação de encontro com a felicidade se via confirmada pelos Ideais mais amplos: Nação, Ideologias, Utopias, Família – hoje, temos a sensação de felicidade apenas quando não somos frustrados em nosso narcisismo. 

Desse modo, a sociedade pós-moderna culminou não só com o Narcisismo, mas, também com o Hedonismo: a busca incessante do prazer; o Niilismo: vazio existencial; o Pluralismo: onde não há absolutos, onde a verdade é relativizada; o Consumismo, com a valorização do Ser pelo Ter; o Pragmatismo: sacrifício ao futuro em prol de um imediatismo total e escravizador, na busca desenfreada por resultados; o Individualismo: o homem passa a ser a medida de si mesmo, anulando tudo e todos ao seu redor; e finalmente, o Utilitarismo: onde o foco está nas vantagens do Ser, somado ao conceito do descartável. 

Se é que, ainda, possamos interferir neste processo devemos: proteger nossas crianças da publicidade excessiva, do consumismo, estimular sua imaginação e criatividade, promover o contato com a natureza e com os livros. Só, assim, poderemos ter no futuro, adultos responsáveis, mais sensíveis e solidários, motivados a agirem como agentes transformadores da sociedade.





                                       Profa. Dra. Edna Paciência Vietta 

                                             Psicóloga Ribeirão Preto

domingo, 16 de junho de 2013

Flexibilidade Cognitiva: requisito indispensável no mundo moderno


  “É impossível progredir sem mudanças, e aqueles que não mudam suas mentes não podem mudar nada” (George Bernard Shaw)

Somos aquilo que pensamos, porém algumas vezes construímos idéias irrealistas a nosso respeito. Quando nossas percepções encontram-se distorcidas, tendemos a interpretar os fatos erroneamente, emitindo idéias inadequadas ou equivocadas sobre o mundo, as pessoas e nós mesmos. Quando isso acontece com freqüência, apresentamos rigidez de pensamento, cuja tendência, é manter as coisas como elas estão (imutáveis ou acomodadas), como medida de proteção do self (eu), assumimos, então, uma posição inflexível, um padrão rígido de interpretar os fatos, a vida e os problemas.
Padrão Rígido se refere a uma "crença subjacente de que se deve fazer um grande esforço para atingir elevados padrões internalizados de comportamento e desempenho. Costuma se revelar em sentimentos de pressão ou dificuldade de relaxar e em posturas críticas exageradas com relação a si mesmo e aos outros. Pode se manifestar como perfeccionismo, utilização de regras rígidas, intolerância, teimosia em relação à opinião de como as coisas deveriam ser, incluindo preceitos morais, éticos culturais e religiosos elevados, fora da realidade.
Padrões inflexíveis ou postura crítica exagerada estão fundamentados na crença de que grande esforço deva ser empreendido na obtenção de elevados padrões internos de comportamentos e no desempenho para evitar críticas, o que reflete em sentimentos de pressão, dificuldade de relaxar e em posturas críticas exageradas com relação a si e aos outros. Envolve significativo prejuízo do prazer, do relaxamento, da saúde, da autoestima, da realização e de relacionamentos. 
Ter alta flexibilidade cognitiva significa ter capacidade para mudar e/ou produzir mudanças, ser capaz de perceber respostas alternativas para uma mesma situação ao invés de ficar preso somente ao primeiro pensamento que vier à mente (pensamento automático). É conseguir flexibilizar respostas usando a memória, percepção, pensamentos, e assim elaborar a melhor resposta de modo a se adaptar às situações diversificadas. É a capacidade de buscar interpretações alternativas para uma mesma situação.
Flexibilidade é uma palavra que vem do latim tardio “flexibilitare” e significa, em seu sentido mais amplo, capacidade de adaptação, seja a situações novas ou na superação de obstáculos.
 Para que ocorram mudanças cognitivas é preciso estar aberto a novas e diferentes idéias e pessoas, provocando e desafiando pensamentos disfuncionais. Para isso se faz necessário o uso da plasticidade cerebral e da flexibilidade cognitiva.
Plasticidade cerebral é a capacidade que o cérebro tem em se remodelar em função das experiências do sujeito, reformulando as suas conexões em função das necessidades e dos fatores do meio ambiente. É, portanto, condição necessária para a aprendizagem, uma propriedade intrínseca e característica importante do cérebro sendo um forte argumento neurocientífico sobre a aprendizagem, durante "toda a existência humana". Ninguém pode ser igual a vida toda. Uma mente inovadora e criativa é fundamental para a sobrevivência, principalmente na vida profissional.
As pessoas inflexíveis têm rigidez em quase tudo o que fazem. A começar por seus pensamentos, dificilmente aceitam outras opiniões além das suas. Sentem dificuldades em mudar, inclusive nas mudanças que a vida impõe e não estão abertas a discussões. A rigidez distorce significados e causa sofrimentos desnecessários.
A pessoa inflexível não admite mudanças, no entanto, a essência da vida é a transformação. A vida está em constantes transformações e precisamos nos adaptar a elas.
A inflexibilidade costuma destruir laços sentimentais de amizade, mesmo no seio familiar, acarretando conflitos muitas vezes irremediáveis. É também, considerada como responsável por muitos conflitos familiares: discussões, brigas e separações entre casais. A pessoa inflexível apenas enxerga suas próprias razões sem ceder um milímetro sequer às ponderações do outro. Espera sempre que os outros se adaptem a elas, sua opinião deve sempre prevalecer.
Um dos objetivos da psicologia cognitiva é reinstalar a flexibilidade no paciente, fazendo com que ele (re) aprenda a enxergar diversas possibilidades de resolução para as adversidades da vida.
Hoje em dia, ser flexível ao nível das nossas crenças e comportamentos é um requisito absolutamente indispensável para uma boa adaptação, integração e convivência familiar, social e profissional.
                                Profa Dra Edna Paciência Vietta
                                              Psicóloga Clínica

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Fim de um relacionamento amoroso: e agora?

                                                    
              







Fim de um relacionamento amoroso: e agora?

O fim de um relacionamento amoroso é um processo de luto, aliás, toda separação ou perda envolve luto e necessita de tempo para elaboração. Quando uma relação chega ao fim, é impossível não haver sofrimento, dor, angústia e/ou culpa. O vazio e o sentimento de desamparo e/ou solidão são realidades impossíveis de se livrar durante algum tempo após a perda. Esse tempo é relativo, depende de vários fatores: tempo de investimento na pessoa perdida, sentimentos envolvidos na relação, tempo de relacionamento, tipo de vínculo estabelecido, motivos que levaram a separação, nível de dependência, etc. É um tempo de alternância de sentimentos, ódio, raiva, negação, desejo de vingança, ciúme, vontade de retomar, de ter de volta o que se perdeu, arrependimento, lembranças de bons e maus momentos, erros e acertos, oportunidades e alternativas e de questionamentos.
Para algumas pessoas o tempo de superação pode ser mais longo e requerer um tempo maior, pela dificuldade em se desapegar, medo da solidão de viver sem a presença do outro, não suportar a frustração, por se sentir derrotada. Fica ruminando lembranças, buscando entender as causas, o porquê, ou o que levou o outro a rejeitá-la. 
Elizabeth Kubler Ross, estudando a morte e a forma como os pacientes reagiam diante de doenças terminais chegou a cinco fases pelas quais uma pessoa passa no processo do luto. Na verdade, a separação amorosa, assim como qualquer perda, certamente envolve as mesmas fases de luto: Negação, Raiva, Barganha, Depressão e Aceitação, as quais tentaremos transpô-las na situação de perdas amorosa ou afetivas, fruto não do conhecimento empírico, senão de nossa observação clínica.
Assim, no caso de separação amorosa na fase de Negação a perda da pessoa amada parece ainda não ter acontecido de fato, é como se a ficha ainda não houvesse caído, há ainda a possibilidade de uma reversão, tudo pode voltar a ser como antes. A coragem ainda persiste, a pessoa pode até chorar, mas ainda existe esperança. “Nem tudo está perdido”. Aos poucos, a fase da Raiva começa a se instalar progressivamente e vai se intensificando, com ela o medo de que a separação realmente possa se concretizar ou esta se concretizando, portanto, é preciso tomar algumas providências. Essa Raiva vem acompanhada da necessidade de acusar a outra pessoa ou quem quer que tenha surgido como justificativa para o término da relação. Nesta fase a pessoa passa a exigir explicações, não admite indiferença, embora tal iniciativa provoque fugas e silêncio. Desafios, provocação e atitudes de despeito, ciúme, possessão e revolta são freqüentes, atitudes como, devolução de alianças, presentes, fotos, cartas ou emails, recados ou insinuações pelo facebook (atualmente muito em voga), agressões verbais e físicas. Após esta fase cheia de conflitos, entra-se na fase da Barganha, já que a fase anterior não surtiu resultados, mas complicações, desgastes e distanciamentos, é hora de correr atrás do prejuízo, mudar de táticas, adotar alternativas mais brandas, rever posições, adotar outras estratégias, acalmar os ânimos, buscar ajuda em Deus, padres, pastores, psicólogos, amigos, familiares, pai de santo, cartomante, etc. A pessoa tenta fazer acordos para ter de volta o relacionamento, é quando promete mudanças, reflexões, compreensão, submissão, aceitação, enfim é o momento de fazer qualquer coisa para ter de volta o que se perdeu. Nessa fase a pessoa fica mais gentil, mais dócil, amiga, pronta para perdoar. Caso, esses recursos falhem instala-se a Melancolia ou Depressão. Esta fase traz em si a derrota, a culpa, auto-acusação, o sentimento de despeito, apatia, perda de identidade, pois o Ideal do Ego não aceita a derrota e massacra o Ego dizendo "a culpa é sua". Se a pessoa conseguir passar pelas fases de modo saudável poderá chegar à fase de aceitação da perda. Esta se dá quando a pessoa busca ajuda a tempo de reconhecer seus verdadeiros sentimentos, seus valores, buscando forças para manter e preservar sua dignidade e autonomia, Este recurso deve ser buscado à medida que a pessoa percebe que sua auto-estima está em baixa e que não está conseguindo elaborar a perda sozinha. Quanto mais tempo a pessoa demorar em buscar ajuda, mais difícil se tornará a superação deste problema.

Profa. Dra Edna Paciência Vietta
            Psicóloga Clínica